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O amor e a solidão podem conviver juntos? Sim, e pode ser uma boa relação!

  • Foto do escritor: mariaclmarquesanto
    mariaclmarquesanto
  • 2 de mar. de 2024
  • 2 min de leitura

Falar de amor e solidão na mesma frase parece incomum, não é mesmo? Esse convite é necessário para pensarmos como temos estabelecido relações afetivas na atualidade, o ideal de amor romântico, encontrar a metade da laranja, nossa completude em outro ser, isso é possível? No olhar da psicanalista Ana Suy, não configura uma atitude saudável tentar abrir mão de nossa solidão, ter a ilusão de preenchê-la por alguém, ou uma ideia de alguém.


Ela discorre em seu livro: A gente mira no amor e acerta na solidão na imagem ao lado por capítulos com o amor e a solidão se relacionando de forma muito importante. Comenta como ao entrar em relações afetivo-sexuais recíprocas, não nos livramos da solidão, mas continuamos a conviver com a nossa somada ao que falta no outro também. Por isso é muito importante conviver com a nossa própria falta concomitantemente ao nos engajarmos a conseguir lidar com duas solidões ao mesmo tempo, faz sentido? A gente mira no amor e acerta na solidão...


Aí vem a questão: como lido com minha companhia, com meus momentos de solidão? Como um passo talvez anterior ao passo de pensarmos em relacionamentos. Nossa relação conosco está lá o tempo todo em nossas interações, estamos sozinhos em nossa realidade psíquica, acompanhados de nossa história, pensamentos, sentimentos e aprendizados. Imagine essa realidade psíquica como uma sala e suas emoções, traumas, aprendizados e lembranças como os móveis da sala, ela pode não estar em harmonia, o que causa sofrimento. Em psicoterapia, nos propomos a cuidar desta sala, prestar atenção, organizar alguns móveis para que seja possível um alívio do que esteja causando o sofrimento. Vemos aqui que o objetivo é permitir uma convivência tranquila de você com você mesmo, o que irá impactar diretamente em suas relações.

É possível criar espaços dentro de si para que suas próprias faltas habitam, de forma que seja possível conviver com elas. A relação terapêutica é uma ferramenta potente, mas isso pode aparecer na vida cotidiana, em boas relações que cultivamos com outras pessoas, objetos de trabalho e estudo, arte ou o que fizer sentido para você. 


A psicanálise nos convida a olhar a condição incompleta do ser humano, ter algo que falta como constituinte do sujeito, e é aí também que podemos ver a beleza da vida, o amor constituído em nossas relações é o que torna nosso estado de falta tolerável, a resposta está no amor! Para esclarecer essa relação de como a falta é o que gera o desejo, o movimento em nossas narrativas, em termos freudianos, é apenas ao perceber pequenas falhas no cuidado que o bebê se desenvolve, cuidados excessivos geram geralmente muito sofrimento, são essenciais pequenas falhas, imperfeições, comuns a todo ser humano. 


Nosso caminho é sempre cheio de lacunas, aceitar e conviver com elas pode ser revolucionário, pontuo aqui seu papel fundamental na formação do desejo e portanto, para a ação. Esse movimento parece ser o contrário do que vemos prosperar atualmente na autoria do Neoliberalismo, em que consumimos em função de preencher essa falta com produtos vendidos por propagandas, como nunca poderá se preencher, o consumo se repete. 


Ouso acreditar que somos capazes de muitas outras maneiras de nos relacionarmos de formas criativa com nossas faltas, espero ter gerado bons pensamentos por aí leitor que me acompanha.







 
 
 

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